segunda-feira, 25 de novembro de 2013

TANGRAM é um antigo jogo chinês, que consiste na formação de figuras e desenhos por meio de 7 peças (5 triângulos, 1 quadrado e 1 paralelogramo). Não se sabe exatamente quando o jogo surgiu, embora exista uma lenda sobre tal criação. Segundo a mesma, um imperador chinês quebrou um espelho, e ao tentar juntar os pedaços e remontá-lo, percebeu que poderia construir muitas formas com seus cacos. 

    De qualquer forma, o tangram é jogado há séculos em todo o Oriente. De lá, o quebra-cabeça chinês espalhou-se por toda a Ásia, Europa e Estados Unidos, tendo sido, inclusive, fonte de inspiração para a criação de muitos outros jogos.


TANGRAM não exige grandes habilidades dos jogadores; basta ter criatividade, paciência e tempo. Durante o jogo, todas as peças devem ser utilizadas; além disso, não é permitido sobrepor nenhuma peça. 



TANGRAM pode ser utilizado em aulas de matemática, uma vez que o mesmo estimula os alunos a desenvolverem a criatividade e o raciocínio lógico, habilidades essenciais no estudo da disciplina.


Vamos construir!!

1. Desenha um quadrado com, pelo menos, 8 cm de lado e traça uma diagonal.


2. Traça outra diagonal do quadrado só até ao centro.

3. Acha metade da distância entre o centro e vértice superior direito e traça a reta 3 que passa pelo ponto e é paralela à primeira diagonal.


4. Prolonga a segunda diagonal até à reta 3.




5. Traça a reta 5 que é paralela ao lado superior do quadrado.

6. Traça a reta 6 que é paralela à segunda diagonal.


Recorta todos os segmentos que desenhaste






Aqui estão alguns exemplos, mais fáceis:
  
                             



Outros, agora sem ajuda:


E para quem quiser jogar por aqui...

                                                            Jogo do Tangram
                                                      ATRACTOR/Tangram


  Explicações de matemática - Massamá
                     
  

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O Príncipe da Matemática - Gauss

Um dia, na aula, um professor propôs aos seus alunos, o seguinte difícil exercício:
     "Escrevam todos os números de 1 a 100 e depois vejam quanto dá a sua soma." 

  Cada um, depois de o fazer, deveria assentar o resultado na pequena ardósia que usava e colocá-la na mesa do professor.

  Os rapazes entregaram-se às contas, mas o jovem Gauss, após um brevíssimo momento de concentração, escreveu um número na sua ardósia e colocou-a na mesa. Todos acharam estranho. Mas, quando se foi ver o resultado, Gauss tinha acertado, tendo calculado em fracções de segundo o que outros tinham demorado muito tempo a conseguir.
  Vamos lá ver o raciocínio do menino Gauss de apenas 7 ou 8 anos:
                                    
  Gauss terá reparado que a soma podia ser rescrita «dobrando a meio» a lista de números e agrupando pares a contar dos extremos. 
   Assim, em vez de somar 1 + 2 + 3 + ... + 99 + 100, teria somado (1 + 100) + (2 + 99) + (3 + 98) + ... (50 + 51). São 50 somas e cada uma delas resulta sempre no mesmo número:101.
   Portanto, para somar todos os números de 1 a 100 basta somar 50 vezes 101, isto é, calcular 50 x 101 = 5050. Cá está!!!
Desta forma encontrou, sem saber, a propriedade da simetria das progressões aritméticas.  


A soma de todos os números de 1 a 100 é um caso particular de soma dos primeiros n termos de uma progressão aritmética. Uma progressão aritmética é uma sucessão de números em que a diferença entre dois números consecutivos é sempre a mesma. 

Por exemplo:
5, 8, 11, 14, 17, 20, 23, 26
é uma progressão aritmética de razão 3 (a diferença entre dois termos consecutivos é sempre igual a 3). 

O método usado por Gauss serve para calcular a soma dos termos de qualquer progressão aritmética. Vamos utilizá-lo para a progressão aritmética acima descrita:


5 + 26=31,
8 + 23=31,
                                       11 + 20=31,
14 + 17=31.

Logo, a soma é 4 x 31 = 124.

A partir destas observações, vemos que para calcular a soma dos n primeiros termos de qualquer progressão aritmética basta somar o primeiro termo com o último e multiplicar por metade da quantidade de termos. Isto é, se:

  • a1 é o primeiro termo,
  • an é o último termo e
  • n é o número de termos da PA,
a soma de todos os termos da PA poderá ser calculada pela fórmula:

S = (a1 + an) n/2.


   Explicações de matemática - Massamá

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

MANTÉM-SE A BASE E SOMAM-SE OS EXPOENTES

Um dos meus trabalhos de 4º ano de faculdade - cadeira de Metodologia de Matemática. A proposta era: relatar parte de uma aula fictícia sobre uma temática e depois fazer uma reflexão:

Mantém-se a base e somam-se os expoentes

 Ia iniciar na aula as potências de expoente inteiro na turma de 8ºano. Esta era um pouco problemática e com algumas dificuldades e pensei: 


O que vou fazer? Com que proposta de trabalho, irei conseguir, com que a minha turma esteja toda empenhada e motivada na sua concretização?

  Depois de muito refletir, acabei por fazer uma ficha de trabalho onde eram calculadas algumas potências e assim, depois desses exemplos, esperava que os alunos conseguissem “chegar” a algumas propriedades das potências sozinhos. A melhor maneira de os entusiasmar era pô-los aos pares para que assim pudessem discutir com o colega todas as suas “descobertas”. E assim o fiz!

   De imediato começaram a surgir dúvidas, embora fosse ajudando, tentei não dar logo as respostas para que, por iniciativa própria, conseguissem “ver” qual a propriedade de potências.

   A certa altura, vi um dos pares em desacordo em relação a algo, e dirigi-me a eles. O Miguel, que era um aluno um pouco fraco, afirmou:

    - Já descobri uma das propriedades! Dois ao cubo vezes dois à sexta é quinhentos e doze que é dois à nona, por isso, como os “dois” se mantêm e como nove é seis mais três, a propriedade deve ser: mantém-se a parte de baixo e somam-se os números de cima.
      - Mas explica-me melhor o que é isso de parte de baixo e os números de cima?- pedi para explicar.
   
 O Miguel pensou algum tempo, mas a Rita, a sua colega do lado, tentou esclarece-lo do seu erro de linguagem:
   - Ouve Miguel, a parte de baixo chama-se base e os números de cima são os expoentes.
   - Então pronto “stôra”, a propriedade é: mantém-se a base e somam-se os expoentes.

 Pedi ao Miguel para tentar escrever a propriedade no quadro e pôr o exemplo que conseguiu. Mas a Rita ainda tinha dúvidas sobre a propriedade e retorquiu:
  - Mas “stôra”, dois ao cubo vezes menos dois à sexta continua a ser quinhentos e doze,  mas têm duas bases diferentes e continua a ser dois à nona, não é?

  De certa forma, ela tinha razão, mas eu esperava que os alunos vissem porque é que continuava a ser dois à nona e porque é que se poderia aplicar a propriedade. Assim, disse à Rita para expor o problema à turma no quadro para que todos chegassem a alguma conclusão.
  Todos, uns mais depressa que outros, chegaram à mesma conclusão. No fim da aula todos pareciam satisfeitos com as suas “descobertas” e a Rita ainda exclamou:

     - Assim até é fixe vir à aula de Matemática “stôra”! 


Reflexão

O ensino-aprendizagem da Matemática deve envolver interações dos alunos entre si e entre os alunos e o professor. Assim, antes de tudo, é necessário que o professor saiba refletir sobre a melhor forma dessa interação ocorrer na sala de aula para que os alunos se sintam motivados e se empenham na tarefa da aula.
Pretendia-se que com esta tarefa os alunos falassem, interagindo entre si, desenvolvendo o seu pensamento e através de relações entre os números e calculo destes conseguissem fazer conjeturas e pôr hipóteses. Sabendo que cada aluno tem a sua melhor forma de aprender, é importante verificar que nesta narrativa, mesmo um aluno mais fraco, conseguiu tirar conclusões. É importante também notar que  a professora deu a importância devida àquele aluno, o Miguel, pois mandou-o escrever o resultado que tinha chegado no quadro como se fosse uma “vitória” dele e de certa forma fosse mostrar aos colegas a sua conclusão. Desta maneira a professora encoraja o aluno a intervir mais nas tarefas e a acreditar nas suas capacidades.
A interação aluno-aluno é muito gratificante para os alunos pois, para além de contribuir para promover atitudes morais e cívicas como a confiança, a autonomia e a responsabilidade, permite aos alunos, acima de tudo, expor as suas ideias, ouvir os seus colegas, colocar questões, discutir estratégias e soluções, argumentar e criticar outros argumentos. É certo que este tipo de trabalho coletivo só funciona se for bem conduzido pelo professor se criar nos alunos expectativas em relação ao seu trabalho.
 Uma dificuldade do professor no decorrer da aula é a desmotivação dos alunos. Um  primeiro problema que o professor se coloca a si próprio é de como motivar os alunos  para uma certa matéria. É, no entanto, essencial encontrar uma tarefa estimulante e ao mesmo tempo adequada ao conteúdo e é necessário que o professor tenha expectativas altas dos seus alunos. Pois quanto mais baixas são as expectativas que os professores têm dos seus alunos menos eles se esforçam por fazer.
As tarefas de investigação são uma forma de comunicação escrita, como se viu nesta narrativa, quando a professora pede ao aluno para escrever no quadro aquilo que tinha acabado de afirmar, é também uma forma de comunicação oral, pois os alunos tentam exprimir o que estão a raciocinar e acabam por, com a ajuda da professora ou de outros alunos, conseguir falar corretamente os termos matemáticos.
A dúvida da Rita era muito interessante e estimulante para que ocorresse discussão na sala de aula e que com a dúvida a propriedade acabasse por ser devidamente assimilada por todos corretamente. A professora tentou, ao pedir à Rita para expor o problema à turma, que fosse isso mesmo que acontecesse. Os alunos conseguiram por si só chegar a conclusões tornando a aula muito mais interessante que a maioria das aulas tipicamente “tradicionais”, aulas expositivas onde quem dá  as “conclusões” é a professora  e os alunos não fazem nada mais senão escrevê-la no caderno e “praticá-la” com alguns exercícios.

É certamente difícil, para o professor, aplicar novos métodos de ensino na sala de aula, realizar atividades inovadoras e dar assim mais “poder” ao aluno na continuidade da aprendizagem mas “cabe-lhe, também, procurar, através da troca de experiências com os seus colegas, da participação de atividades de formação e em projetos inovadores de investigação ou investigação-ação,  aperfeiçoar-se e tornar-se cada vez mais competente no manejo dos instrumentos de análise e das abordagens próprias da sua área profissional.”(Ponte et al.,1997)
Fonte: Ponte, J. P., Boavida, A. M., Graça, M., Abrantes, P. (1997). Didáctica da  Matemática. Lisboa: Editorial do Ministério da Educação

Explicações de matemática - Massamá